Autodeterminação.
Foi essa palavra que ficou na minha cabeça após minha participação e, de outras mulheres com deficiência, no primeiro dia do curso regional de liderança e empoderamento de mulheres com deficiência da América Latina e do Caribe promovido pela Rede Latino-americana de Organizações Não Governamentais de Pessoas com Deficiência e suas Famílias (Riadis), com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA).
Depois de discutirmos sobre o processo de formação de nossas identidades, tivemos um momento para refletirmos sobre quem nós somos. A pergunta “qual é a história da sua vida” nos foi colocada com a intenção de nos convidar a olhar para dentro de nossas crenças pessoais, valores, medos, alegrias e expectativas. Olha, foi um baita mergulho.
Sabe quando você pula de uma vez na piscina? Neste caso, para mim, foi uma piscina de memórias cheia de lugares, pessoas e planos ora realizados, ora frustrados.
A gente se acostumou tanto a contar as partes difíceis de nossas histórias marcadas pelo capacitismo, que muitas vezes esquecemos dos intervalos onde as vitórias e conquistas pessoais nos servem de combustível para seguir em movimento durante os dias.
Manter-se na luta contra o capacitismo é também estar em vigilância contra o capacitismo que, por vezes, ainda vive em nós. Sabe essa voz sussurrando no seu ouvido “você sabe que não é capaz de fazer isso por causa da sua deficiência”? Faz parte de uma coleção de estigmas e preconceitos presentes na mente da nossa cultura.
Como fazer parte de alguma coisa, se ainda me encontro perdida? Lembrar de quem somos, do que somos capazes de fazer são alguns dos vários caminhos para se autodeterminar coletivamente. Somos mulheres com deficiência, não apesar da deficiência.
Temos inseguranças, dúvidas e receios, mas também somos força, sonhos e desejo. Rever nossos relatos é um exercício de autoconhecimento, de auto respeito e, principalmente, de autocuidado. Por isso, te pergunto mais uma vez: como você tem contado a história de sua vida?