Um corpo a ser encarado

“Ele me olhava com cara de horror!” Foi o que uma seguidora, mulher com deficiência, disse ao me contar como uma criança a observava na rua. Para minha felicidade, ela não se abateu. Afinal, não era a primeira vez que este tipo de reação acontecia, tampouco seria a última. Incomodou-se com a falta de orientação dos pais, que para ela seriam os responsáveis pelas atitudes dos filhos.

Além do processo de desqualificação provocado pelo capacitismo, as mulheres com deficiência experienciam as pressões e exigências de performatividade dos papéis destinados aos corpos femininos provocadas pelo machismo. Por esta razão, algumas mulheres com deficiências sentem-se violadas quando notam este tipo de olhar. Como se fossem despidas diante de uma multidão que insiste em espiar em todas as brechas de seu corpo. Corpos marcados, com escolioses, cicatrizados, “malformados” ou paralisados são aqueles que despertam o olhar invasivo, caretas de espanto, expressões de nojo, medo e curiosidade. Há pessoas que não apenas encaram, mas desejam tocar, sentir a pele daquele outro como se tivesse autorização para isso.

Mulheres com deficiência se reinventam, ou melhor, resistem. Entretanto, quando conseguem construir uma autoestima encontrando algum conforto com a própria imagem, logo são colocadas em um pedestal de “superação” o qual apenas reforça a invisibilidade de todo esse processo de desvalorização que são culturalmente submetidas.

É importante reconhecer que alguns olhares violentam, atravessam a pessoa que os recebe. Precisamos aprender a controlar nossos anseios e educar as crianças para aprender a lidar com as diferenças. Já pensou nisso?

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