O homem que sofre de uma deficiência visível, quanto a ele, não mais pode sair de casa sem provocar os olhares de todos. Essa curiosidade incessante é uma violência tão mais sutil que ela não se reconhece como tal e se renova a cada passante que é cruzado. (p.75)
David Le Breton – A sociologia do corpo
Lembro de quando li este trecho pela primeira vez. Estava em busca de referências para pesquisa, precisava entender mais sobre o que a palavra “corpo” significa. Já a conhecia, aliás todos conhecemos. Somos corpos, afinal. Temos identidades, emoções, memórias, pensamentos. Porém, quando vemos outra pessoa, não enxergamos nada além de um corpo.
Exceto se ela for diferente.
Todos somos observados, nossos olhares transitam por todos os lados. As vezes é difícil controlar o olhar. É como se fôssemos capturados por um instante e, dependendo do nosso interesse, ou surpresa, permanecemos presos e incapazes de desviar o olhar.
O sujeito que encara a diferença do outro assume uma posição de poder, como um avaliador. Contudo, encarar é diferente de admirar. Ao passo que, ser encarado é estar em uma posição vulnerável. Algo que muitas pessoas com deficiência já experimentam em seus dias.
Um caminho para aprender mais sobre as diferenças seria assumir uma postura de abertura, onde o olhar superasse os limites do conhecido e alcançasse a potência de novos aprendizados que só o Outro pode oferecer. O que você acha?
P.S.: Esta citação está na página 75 do livro “Sociologia do Corpo”.