
Quando encontrei esse trecho senti uma espécie de alívio. Como se encontrasse alguém conhecido em uma festa de gente estranha. Já havia me questionado sobre a “deficiência” da Vênus de Milo.
A origem da Vênus de Milo é cheia de curiosidades. Não há registros definidos sobre o autor, tampouco do motivo de não possuir os braços. Porém, todos concordam ao dizer que ela é uma das mais belas obras de arte do mundo.
Apesar da tentativa de alguns artistas e críticos de arte reabilitarem a estátua, com simulações dos braços “completos”, sua beleza está presente em suas marcas, no equilíbrio estético provocado pela sua “incompletude”.
É preciso compreender a singularidade dos corpos com deficiência como um caminho para questionar a binaridade daquilo que é normal e anormal. Uma vez que em nossa sociedade circulamos entre imagens, símbolos, imaginários diversos sobre padrões de beleza para corpos femininos.
Exemplos como esse nos provoca, tira da zona confortável dos nossos valores. Nos inquieta de uma maneira que só a arte é capaz de fazer. Mas essa conversa fica para outro dia.