
O texto de hoje é da Elizabete da Silva e nos propõe uma reflexão fora das nossas experiências pessoais, um olhar para a necessidade do outro e as nossas incapacidades de adaptarmos as suas realidades.
É com um prazer dobrado que eu, Elizabete, 42 anos, portadora da AME tipo II, venho convidar o leitor a conhecer um mundo que, apesar de fazer parte da listagem de limitações físicas, se fala pouco deles, e muito menos, divulgam a realidade que os envolvem: “Os Deficientes Visuais”.
Classificados como tal (os D.Vs), mas ignorados por muitos. Exemplo disto, é que nem todo deficiente visual, é totalmente cego. Existem outras categorias, como baixa visão, e a visão subnormal. Cada uma com sua necessidade, para que possam se adaptar às realidades que os envolvem.
Mas como cada leitor aqui, também eu, estou a me inteirar, e assim, fazendo existir a tão questionada acessibilidade.
Tal palavra só fará sentido a meu ver, quando cada ser humano tratar com respeito e consideração o seu próximo. Pois o desrespeito, por mais absurdo que pareça, existe também, entre o nosso meio.
Quando foi que você descreveu uma imagem para uma pessoa que possui a limitação, ver digamos, em uma postagem sua pública, no Facebook?
Vocês que gostam de música, quando foi que buscaram a possibilidade de também postar, ‘aquela música’ na língua de sinais? E por aí vai…
Tentando mudar esta realidade, através de um grupo, conheci algumas pessoas com limitação visual, que me lançaram neste mundo obscuro, que trouxe muita clareza sobre muitas falhas existentes na nossa sociedade, inclusive em mim mesma.
Por isto, desde já, agradeço a você, Fatine Oliveira, pelo espaço aqui me fornecido, e muito mesmo, à vocês, André L. Baldo, Crislâine L. Rigo, Eduarda Bittencourt Nogueira, Felipe Pereira Rodrigues, Tereza Cristina Rodrigues Villela e William Félix (todos deficientes visuais); por compartilhar suas experiências, e vida, para o meu prazer e crescimento pessoal.
Recebi hoje, através da minha amiga que trabalha no Banco do Brasil, um vídeo, e uma frase, que muito chamou minha atenção, a ponto de aqui estar eu, a escrever.
A frase mencionada é:
“Quando eu tenho acessibilidade, nem lembram que eu tenho deficiência” (em pleno site do banco).
Pensei, “quem dera fosse verdade!”
Respondi a ela, que a história dela é muito linda! E vai muito além, do que estava relatado ali no site (pois, abaixo da frase, estava o histórico de sua admissão profissional na instituição). Que o mérito era dela. E Qualquer empresa que adapte-se para receber, pessoas com limitações físicas ou cognitiva, aptas ao serviço laborativo, tende eles, muito a ganhar, “pela garra” que cada um dedica, no intuito de conquistar seu espaço no mercado de trabalho. Como #PodemosVer, no vídeo mencionado, que fizeram para homenagear o nosso dia.
Mas reparem, um #Deficiente_Visual, saberia o que se passa neste vídeo? Alguns, não!!! Outros, sim. Mas o vídeo não é acessível a todos! Assim como jogos, placas, e tantas outras coisas.
Recentemente um episódio, me deixou (perdoe-me a expressão) “puta da vida”!
Respondendo eu, a um e-mail direcionado a minha amiga Tereza, citada acima, onde um aluno da UFSCar, fazendo mestrado em ciência da computação, requisitando voluntários, portadores de limitações visuais, para testes em jogos acessíveis. E porque me interessa todo tipo de acessibilidade, estimulei meus amigos a contribuírem participando.
Para nossa decepção, ao fazer o teste um deles, tivemos a notícia que, além do jogo já existir (e ser simplório), não era acessível a todos os tipos de limitações visuais. Perguntei ao estudante, por que será que as pessoas tendem, a nos ver como crianças ou com pouca cognição?
Nota-se que existem falhas, dentro de falhas, no requisito #ACESSIBILIDADE, e muito mais escandalosas, para nossos companheiros de luta, os deficientes visuais.
Outros exemplos:
- Pouquíssimos materiais em braille, e a péssima qualidade do material onde os confeccionam, e sendo ele, de fundamental importância como ferramenta alfabetizadora, aliada às tecnologias assistivas, como leitores de telas, etc.
- A ineficiência em explicar cores para cegos, já que, se colocarmos uma maçã na geladeira, sendo ela vermelha, não mudará de cor, e é dito o vermelho, como sendo “cor quente”. Sendo tratado este tópico, em filmes como, “Marcas do Destino”.
Enfim, são tantas falhas a mencionar, que para não tornar a matéria cansativa, finalizo dizendo, que deficiente não é só o nosso sistema, é cada um de nós, em um todo, sem qualquer distinção.
E como sempre, teremos que lutar muito, começando, por mudar os nossos próprios hábitos, para aí sim, guerrear, e assim conquistar o nosso espaço, neste “mundão de meu Deus”.
E torço para que, haja um oásis no deserto da alma de cada pessoa. Trazendo à existência, uma sociedade inclusiva e igualitária; mediante as diferenças de cada indivíduo.
A Elizabete foi uma porta voz de muitos q precisam ser ouvidos para uma melhora geral, quanto as deficiências, necessidades e dificuldades que eles tem, tiveram e terão se o sistema não mudar.
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Edmar, vejo mudanças (mesmo que lentamente). Olha você aqui, até então você não tinha conhecimento de tantas informações assim. Mas pelo seu caráter e coração, você está fazendo sua parte. Nos resta dizer, obrigada. E no mais, torcer para que haja outros como você . Beijos
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Literalmente “pessoas usando pessoas”. Por mais que eu brigue com amigo, sobre a tal “conveniência”. Cada vez mais, ele me prova a existência dela.
Triste isto!
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