Ela não anda, ela arrasa: Bia Cardoso

Hoje, dia 8 de março, é o dia internacional da mulher. Essa data foi escolhida após uma conferência na Dinamarca como forma de homenagear as várias operárias de uma fábrica de tecidos, brutalmente assassinadas durante uma greve pela melhoria das condições de trabalho. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Portanto hoje é O DIA para refletirmos sobre a luta pelos direitos da mulher, suas conquistas e desafios a serem enfrentados daqui para frente. Como há muito tempo tenho exposto a ausência da voz das mulheres com deficiência no feminismo resolvi destinar as postagens desse mês para mostrar o pensamento de algumas mulheres feministas maravilhosas que conheci.

Um movimento de empoderamento o qual chamo de “Ela não anda, ela arrasa” onde várias vozes emitindo pensamentos diferentes para as mesmas questões, de modo que todos entendam a pluralidade existente entre as pessoas com deficiência. Para começar apresento Bianca Cardoso, mas conhecida como “Sra. Bia”, que em função de uma doença no pulmão teve seus movimentos restringidos tornando-se uma pessoa com deficiência desde então.

 

Fotos-sr-Bia

 

Há 3 anos desenvolvi uma doença autoimune no pulmão que me coloca uma série de restrições de mobilidade. Pois não consigo fazer esforço. É uma pneumonia intersticial descamativa junto com um tromboembolismo pulmonar. Mas esse diagnóstico não é aceito por todos os médicos. Então, sou uma pessoa vivendo no limbo da medicina e que fica cansada como um cachorrinho por qualquer coisa.

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher” é uma das frases da Simone de Beauvoir em sua defesa de que as diferenças entre os gêneros são resultado de significados culturais. Para você, hoje, o que é “ser mulher”?

Eu acredito na cultura como fator determinante do processo de ser mulher, mas acho que isso vai muito além e depende bem mais do contexto. Então, para mim ser mulher significa refletir seu contexto, como você está colocada no mundo e também como se vê.

Como você acredita que o feminismo pode contribuir para mudança da imagem da mulher nos dias atuais?

O feminismo é um movimento político e social que tem como objetivo modificar estruturas sociais. Portanto, para mim vai muito além da imagem da mulher, tem que alcançar seus signos e significados, tem que buscar a pluralidade de vidas. Para mim, quanto mais mulheres forem inclusas no feminismo melhor e acredito que essa deveria ser uma de suas principais preocupações.

Como você conheceu o feminismo e o que ele mudou em sua vida?

Conheci o feminismo primeiro na faculdade de pedagogia e depois na internet. Meu primeiro sentimento é de que o feminismo representa a união de uma série de pensamentos que eu tinha e questionava, especialmente em relação ao que as mulheres podem ou não podem fazer socialmente, o que é esperado das mulheres e como isso parecia determinar meus caminhos ou não. Acredito que o feminismo mudou minha vida ao me apresentar outras mulheres feministas, porque aprendi e aprendo demais com elas, muito mais do que com as teorias.

A deficiência influencia o modo como você se vê como mulher? Você acredita que o feminismo mudou seu modo de lidar com ela?

A minha deficiência é bem recente e afetou diretamente a minha mobilidade. Eu não tenho mais a liberdade de ir a qualquer lugar que eu queira, a hora que quiser. Porque se eu for sozinha não consigo caminhar mais do que 50 metros sem cansar. Também me canso ao fazer o movimento de empurrar sozinha uma cadeira de rodas. Meu corpo tem mudado muito, porque foram vários anos tomando corticóide. Então, ainda estou lidando com várias dessas mudanças. O feminismo talvez me dê o estímulo de que sou capaz, assim como todas as mulheres, mas a sociedade e os espaços públicos me limitam.

Na sua opinião: o que falta no feminismo para melhorar a representação das mulheres com deficiência?

Falta acreditar que é possível. Porque o comum é ignorar determinadas mulheres e suas demandas em prol de um “bem maior”, que no fundo talvez não beneficie todas as mulheres. É difícil para o feminismo enxergar-se heterogêneo. Assim como é para a sociedade promover a inclusão.

Um recado de empoderamento:

Como diria ET Bilu, busque conhecimento. É a partir daí que percebemos o quanto mudanças são importantes.

 

Siga a Bia no twitter: @srtabia 

 

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